Inovação: uma ferramenta de competitividade
O Brasil é o décimo país mais empreendedor do mundo, mas perde no ranking de inovação. Esta é a constatação da pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor – GEM, que avalia os níveis de empreendedorismo em 42 países. A colocação do País é até surpreendente, tendo em vista o excesso de burocracia e custos para a abertura de uma empresa no Brasil. Mas a revelação de que apenas 33% dos novos negócios brasileiros são considerados inovadores demonstra que falta investimento em boas idéias, tanto na criação de novos produtos, como na prestação de serviços mais diferenciados.
De acordo com especialistas em empreendedorismo, legislações obsoletas, tradicionalismo, cultura conservadora e medo do novo são alguns dos motivos para os baixos índices de inovação no País. Mas os consultores alertam que quem não se atentar para a necessidade de inovar está perdendo competitividade e pode não se sustentar por muito tempo no mercado.
Interação com os clientes e adequação às necessidades
Embora muitas pessoas associem a palavra inovação à tecnologia de ponta, altos investimentos e produtos ligados à informática de última geração,na verdade, ser inovador quer dizer identificar um nicho de mercado antes inexplorado e buscar soluções para ele. Por isso, entre os profissionais liberais, a criatividade e a inovação também são consideradas ferramentas essenciais para a sobrevivência no mercado.
Em entrevista concedida à Folha de S.Paulo, Venkat Ramaswamy, Professor da Michigan University e especialista em inovação, afirmou que as empresas e os prestadores de serviço precisam interagir mais com os consumidores para descobrir como eles se relacionam com os produtos e serviços. Com essas informações, terão de definir novamente sua estratégia para atender a essa demanda específica.
Por isso, Venkat defende que a interação com o cliente é uma das chaves da inovação e não exige tantos recursos financeiros. Ele explica que a Internet, por exemplo, permite identificar o perfil e o potencial do público que se quer atingir, evitando-se desperdício de tempo e dinheiro com experimentações.
Profissionais Liberais e inovadores
Nutricionistas e profissionais da Educação Física encontram na Terceira Idade um interessante mercado a ser atendido
Algumas experiências de profissionais liberais demonstram como o fator ousadia aliado à adequação e às necessidades do mercado pode levar ao sucesso. Por exemplo, enquanto a maioria de companhias tenta associar o consumo de seus produtos e serviços à beleza e ao vigor da juventude, a faixa etária mais crescente no Brasil e com alto poder de consumo é a terceira idade, que em geral tem demandas de produtos e serviços muito específicos. Atentos a essa realidade, muitos nutricionistas têm se especializado em atender a esse tipo de cliente, fazendo consultas em domicílio, estudando dietas mais adequadas à saúde e à estética desse público e trabalhando em conjunto com profissionais da educação física que possam prescrever atividades compatíveis com as necessidades físicas e até psicológicas dessa faixa etária. A inovação está em perceber o potencial desse público crescente e buscar soluções personalizadas para ele.
Outro mercado que têm crescido expressivamente é o de tecnologias voltadas à sustentabilidade ambiental, devido à discussão ecológica que hoje está presente em todos os setores da sociedade. Por isso, os engenheiros civis e arquitetos que perceberam esse espaço a ser ocupado no mercado, hoje, vendem tecnologia de construção e produção de móveis e decoração à base de materiais recicláveis como pet, embalagens de leite, entre outros que pressupõem a não degradação do meio ambiente. Muitos profissionais brasileiros nessa área têm, inclusive, exportado seus produtos e idéias para a Europa, onde o meio ambiente é muito valorizado.